Revitalização de rios
A palavra revitalização passou a ficar conhecida do povo, com essa novela em que se transformou a transposição do rio São Francisco.
É a exigência dos ambientalistas, antes do início das obras de bombeamento e da construção dos canais e dutos nas bacias que serão beneficiadas. A maior preocupação ambiental é com a manutenção da vazão; secundariamente, com a qualidade das águas do velho Chico.
http://www.comciencia.br/reportagens/2005/02/04.shtml
Por conta da polêmica transposição das águas do São Francisco, nunca se falou tanto em Revitalização de Rio como agora.
Revitalizar
- vitalizar de novo;
- fazer revigorar;
- tornar a insuflar vida em.
Revitalização de rios é a volta do ecossistema, com razoável aproximação, às condições anteriores à sua degradação. Engloba o restabelecimento das funções aquáticas primitivas e relativas às suas características físicas, químicas e biológicas.
Nos anos recentes tem-se verificado no País uma tendência e um movimento para a revitalização de rios, que se traduzem nos chamados Planos de Despoluição de Bacias como, p.ex., o da baía de Guanabara (RJ), rio Tietê (SP), Guaíba (RS) e outros. No exterior, essa é uma prática comum, começando pela Inglaterra (Rio Tamisa), França (rio Reno) e USA (rio Mississipi).
Revitalização de rios é a volta do ecossistema, com razoável aproximação, às condições anteriores à sua degradação. Engloba o restabelecimento das funções aquáticas primitivas e relativas às suas características físicas, químicas e biológicas.
Os seus princípios são:
- Conhecer o potencial da bacia
Antes de se planejarem ações de revitalização, deve-se conhecer sua: Hidrologia, Geologia, Biologia, Geografia, Ecologia, etc. Se possível, antes da sua degradação. Para se estabelecerem metas, deve-se também fazer previsões dos estágios a serem alcançados com o Plano. - Atuar com equipe multidisciplinar
Por envolver assuntos tão específicos e diferentes, quase sempre, a complexidade dos estudos exige a participação de várias disciplinas: Ecologia, Biologia, Hidrologia, Hidráulica, Geomorfologia, Engenharia, Planejamento, Comunicações e Ciências Sociais. Envolver Universidades, ONG´s, empresas privadas e Comunidades. É fundamental a necessidade da Educação Ambiental. - Adotar um rio como padrão
Deve-se adotar como referência (ou padrão), uma outra bacia (o mais próximo possível), comparável na sua estrutura e função ao local em estudo, antes da sua degradação. Na falta, usa-se o próprio rio como referência: o trecho de nascente, em geral menos poluído, como limite inferior e o de jusante (próximo à foz), bem mais poluído, como limite superior. - Priorizar as fontes atuais de degradação
Os esforços para a revitalização estarão comprometidos, se as atuais fontes de poluição/degradação persistirem. Assim, é essencial identifica-las, eliminando ou reduzindo o seu impacto, o mais cedo possível. Além dos lançamentos pontuais de esgotos, deve-se evitar os desmatamentos, construções em áreas de risco, barragens e retificações. - Definir objetivos claros, viáveis e mensuráveis
O sucesso da revitalização de rios depende do seu planejamento; boas metas são fundamentais. Elas direcionam as ações e ditam os padrões para o sucesso das medidas.
Requisitos:
a) usar a auto-depuração do rio;
b) dar ênfase às praticabilidade;
c) projetar visando a auto-sustentabilidade;
d) considerar a bacia como um todo;
e) antecipar-se às futuras mudanças;
f) monitorar antes, durante e depois.
A função dos rios
Ao vermos nas manchetes dos jornais as imagens de rios até dias atrás caudalosos e hoje, completamente secos, não temos a verdadeira dimensão dessa catástrofe ecológica. Podemos até ter pena da população dos ribeirinhos, que ficaram sem a sua única “estrada”; sua única fonte de água potável; sua única forma de lazer; sem o seu peixe para comer e sem onde lançar as suas fezes.
Revitalização de rios é a volta do ecossistema, com razoável aproximação, às condições anteriores à sua degradação. Engloba o restabelecimento das funções aquáticas primitivas e relativas às suas características físicas, químicas e biológicas.
Assim, além dos problemas econômicos, sociais e biológicos, todo rio tem uma estrutura e uma função natural. Dentre as atribuições ecológicas (da função) dos rios, destacamos:
- A condução da água da chuva e dos degelos.
- A drenagem dos terrenos da bacia hidrográfica a que pertence.
- A fertilização das suas várzeas, dos oceanos e lagos.
- Fornecer água para o lençol freático, nos rios influentes.
- Controlar o nível do lençol freático, entre ele e o mais próximo.
- A formação e manutenção dos nichos ecológicos.
- Servir de alimento e refúgio para a flora e a fauna.
- Dar sustentação à mata ciliar e mata ripária.
- A autodepuração (reoxigenação) de suas águas.
- A formação de meandros, deltas e mangues.
- Equilibrar a salinidade dos lagos e oceanos.
- No caso dos rios amazônicos, pela diferença de rugosidade do espelho d´água e da copa das árvores, aumentar a velocidade dos ventos que passam pelo “corredor” formado pelo rio e a floresta.
A função da vida
Entre as 12 funções de um rio (acima relacionadas), faltou destacar a função da vida, ou seja, aquela responsável pela presença e a manutenção da biota aquática, e/ou dela dependente.
São milhares de espécies de peixes, invertebrados aquáticos, insetos, répteis, moluscos, batráquios, anfíbios e outros animais que vivem em função do rio. No caso da Amazônia, até mamíferos aquáticos, como o boto, a lontra e o peixe-boi.
Alguns desses animais interagem tanto com o meio em que vivem e são tão sensíveis à qualidade da água, ao ponto de serem utilizados, muitas vezes, como indicadores da degradação ambiental – Índice de Integridade Biótica – IBI, seja pela ausência relativa das espécies indicadoras, como por sua alteração, motivada pela ação antrópica, que modifica as características físicas, químicas, biológicas e energéticas do manancial.
É por isso que se costuma dizer com propriedade que “Um rio muito poluído, É UM RIO SEM VIDA”.
PRINCÍPIOS ECOLÓGICOS
Os princípios ecológicos que devem nortear qualquer interferência do homem (resistência ambiental) no meio aquático ribeirinho e na zona ripária (faixa de terra que margeia os rios) para que ocorra o tão desejado desenvolvimento sustentável, são os seguintes:
- Preservar a qualidade da água
- Manter a integridade física do rio
- Proteger o habitat dos animais e vegetais
A qualidade da água do rio é função da sua pureza, aproximando-se e até mesmo ultrapassando, no seu trecho inicial, à qualidade da água da chuva. Normalmente, mesmo sem a interferência do homem, essa qualidade vai se deteriorando, à medida que o rio avança e quando as águas chegam à foz, já estão, de algum modo, poluídas. Qualquer ação humana, mesmo bem intencionada, que interfira no fluxo natural das descargas e que leve águas-servidas e sedimentos ao rio, vai invariavelmente interferir nos seus padrões de qualidade. A vegetação marginal tem uma função primordial na qualidade da água pois, além de servir como filtro para os sedimentos que chegam à calha vindos da zona ripária, por protegerem a superfície do rio (ou parte dela) dos raios solares, mantêm o teor de oxigênio dissolvido na água, e fornecem alimentos e refúgios, indispensáveis para a sobrevivência das espécies aquáticas.
Manter a integridade física de um rio significa deixá-lo intocado, virgem, sem a interferência humana, como a maioria dos rios da Amazônia. Se bem que, mesmo ali, alguns já se acham contaminados por mercúrio, levado pelo ar, vento e chuva, de garimpos distantes.
Algumas feições naturais do rio são mais sensíveis às ações do homem, tais como: nascentes, várzeas, floresta ripária, pântanos, foz, ribanceiras e encostas elevadas, corredeiras e meandros. Essas características naturais e funções do rio devem ser preservadas de alguma forma, para proteger a integridade ecológica e para melhorar a conectividade entre os habitats dos animais silvestres. Como é impossível a urbanização sem ferir a integridade física do rio, as obras de engenharia como os diques de proteção contra enchentes, por exemplo, deveriam ser minimizadas, dando-se prioridade à retenção natural das águas, a restauração dos alagados ripários e às áreas de infiltração, para diminuir os volumes das enxurradas. Do mesmo modo, devemos evitar: as retificações dos meandros; a construção de moradia nas várzeas (margens); os pisos totalmente impermeáveis; os desmatamentos e os aterros de manguezais, etc.
Proteger o habitat dos animais e vegetais não é função apenas dos chamados de “eco-chatos”; é uma questão de soberania e inteligência. As várzeas, por exemplo, estão entre os mais diversificados habitats do mundo. O fluxo natural das águas determina o número e o tipo de habitats que existem no rio e em suas margens; é importante como fonte de alimento, locais de desova e recria e rotas de migração de animais silvestres, peixes e outras espécies aquáticas. As cheias naturais são a chave para a manutenção da integridade ecológica dos ecossistemas dos rios. Devemos conhecer a ecologia do rio, incluindo o seu passado histórico.
Essas considerações incluem as características da área por ele drenada (a bacia), as várzeas, o percurso, os seus tipos únicos de habitats, a estrutura de seu leito e margens; os seus níveis d´água e descargas (Hidrologia), química da água e as necessidades biológicas de sua fauna (peixes, insetos, anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos). Também é importante compreender como a estrutura do rio vem sendo alterada e como ela pode ser mudada no futuro.